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Este simpósio dá continuidade a proveitosas discussões que, em encontros anteriores do SIMELP, buscaram avaliar o papel e o sentido da gramática no conjunto das reflexões sobre a linguagem acionada nas línguas naturais, com centro, obviamente, na língua portuguesa. Nesta nova proposta a atenção se volta para a discussão da natureza e das características de uma visão de gramática que não se dissocie do processamento textual-discursivo. A proposição implica, em primeiro lugar, a consideração de classes gramaticais que não se aloquem fixamente em nichos funcionais pré-estabelecidos por esquemas isolados do uso efetivo, e, decorrentemente, implica a consideração de “funções” dos diferentes itens (candidatos a pertença a determinadas classes) segundo descrição que se obtenha a partir de seu comportamento textual-discursivo (não apenas sintático mas também semântico-pragmático).

Assim, entende-se que a funcionalidade dos itens pode balizar o estabelecimento dos traços categoriais que os colocam legitimamente em uma determinada classe, segundo determinadas instâncias de produção: explicitamente, segundo os diferentes processos de constituição do enunciado, como a predicação, a referenciação, a junção, a quantificação e a intensificação, a modalização). Esse tipo de análise leva à discussão de temas como prototipia, gramaticalização, motivação icônica, motivação da ordem, distribuição de informação, criação de relevos, perspectivização, esquemas construcionais e frames (com regularização, idiomatização e convencionalização contínuas) dentro dos quais cabe, relevantemente, a consideração das bases socioculturais e cognitivas da atuação linguística.

Maria Neves (UPM) e Marize Mattnher (Unesp)